A resposta para o mistério das fezes que flutuam ou afundam pode ser um indicador crucial da saúde das bactérias que habitam nossos intestinos. De acordo com um artigo da BBC, Nagarajan Kannan, diretor do laboratório de células-tronco e biologia do câncer na Clínica Mayo em Rochester, Minnesota, dedicou parte de seu tempo para investigar esse curioso enigma.
Enquanto seu trabalho principal se concentra nos mecanismos associados ao câncer de mama, Kannan ficou intrigado com a questão de por que algumas fezes flutuam enquanto outras afundam. Ele percebeu que essa peculiaridade poderia oferecer informações cruciais sobre a saúde dos micróbios intestinais.
Inicialmente, acreditava-se que a flutuação estava ligada aos níveis de gordura, mas pesquisadores da Universidade de Minnesota, em experimentos nos anos 70, descobriram que a quantidade de gás presente nas fezes era a verdadeira razão por trás desse fenômeno.
Kannan e sua equipe conduziram estudos com fezes de ratos criados em condições estéreis, sem micróbios intestinais. Nessas experiências, as fezes dos ratos livres de germes afundaram instantaneamente na água, enquanto cerca de metade das fezes dos ratos com micróbios intestinais flutuaram antes de afundar. As análises revelaram que as fezes sem micróbios continham partículas não digeridas e tinham uma densidade maior.
Além disso, estudos genéticos mostraram altos níveis de bactérias produtoras de gás nas fezes flutuantes, incluindo o Bacteroides ovatus, associado à flatulência em seres humanos.
Embora essas descobertas tenham sido feitas em ratos, Kannan suspeita que a flutuação das fezes possa ser um indicador das mudanças na composição das bactérias intestinais humanas. Ele está interessado em investigar como fatores como dieta, tabagismo, estresse e medicamentos podem influenciar essas comunidades bacterianas.
Apesar de ser um tema peculiar, o estudo sobre a flutuação fecal pode fornecer insights valiosos sobre a saúde intestinal, segundo a reportagem da BBC.